HISTÓRIAS DE BANGU - A MEMÓRIA DE UM BAIRRO.





O RESPEITO DE UMA SOCIEDADE A FRANCISCO CARREGAL, UM PIONEIRO


Recentemente ao fazer uma pequena pesquisa sobre o primeiro negro a jogar futebol em uma equipe brasileira, fui desvendando algumas façanhas desconhecidas deste brasileiro, filho de Pai branco português com Mãe negra brasileira, Francisco Carregal jogou futebol pelo Bangu em 14 de Maio de 1905, a primeira partida de um negro em solo nacional, esse match foi realizado no campo que existia dentro das dependências da antiga Fábrica de Tecidos Bangu, em partida contra o Fluminense, com vitória do alvirrubro da antiga zona rural por 5 a 3.



Verifiquei através desta investigação que Carregal ocupou vários cargos em agremiações de nossa região, demostrando ter prestígio e respeito da sociedade local, além é claro do amor incondicional ao Bangu.

Foi eleito 1º secretário do Esperança Futebol Clube, uma sociedade infantil para menores empregados da Fábrica de Tecidos Bangu. Fonte: Revista da Semana de 8 de outubro de 1905.

Tinha um amor muito grande pelas cores do Bangu, acontecimento este demostrado em sua atitude durante uma partida de futebol nas laranjeiras, no ano de 1909, em um dia de temporal, o goleiro do Bangu Charles Day não compareceu ao campo de jogo. Carregal não teve dúvidas, para não deixar o Bangu desfalcado, assumiu a posição. Acabou levando nove gols. Fonte: bangu.net

Nomeado tesoureiro do clube de Tiro do Brasileiro de Bangu como infere o Jornal O Paiz de 1910.
Na década de 1910 fez parte da diretoria do Bangu Atlético Clube como Tesoureiro nas gestões dos presidentes James Hartley e Noel de Carvalho. Fonte: Bangu.net

Foi escolhido como 1º tesoureiro da Associação Profissional Têxtil. Segundo o Jornal A Noite de 2 de junho de 1921.

Em 1922 houve ameaça de greve dos funcionários da Fábrica de Tecidos Bangu em função da notícia sobre a demissão de Francisco Carregal, então, Atila Neves diretor da Fábrica solicitou 10 praças de infantaria, com objetivo de policiar o entorno da Fábrica, a demissão depois não foi confirmada, fato noticiado no jornal A Gazeta de Noticia de 31 de agosto de 1922.

Empossado para o Conselho Fiscal do Grêmio Carnavalesco Prazer das Morenas, agremiação tinha como objetivo estimular por todos os meios, que exista entre todos os seus sócios a máxima distinção para evitar preconceitos entre os mesmos, sendo imposta a eliminação aos que a isso derem causa. Fonte: Jornal O Paiz de 18 de agosto de 1928.

Carregal, o primeiro jogador de Futebol negro a participar de uma partida no Brasil, faleceu em 21 de abril de 1949, na cidade mineira de Paraguaçu, onde era gerente da fábrica têxtil local. Ato contínuo Guilherme da Silveira Filho patrono do Bangu Atlético Clube e diretor presidente da Fábrica de Tecidos Bangu pediu permissão a família para custear o funeral.

O Grupo HISTÓRIAS DE BANGU – A MEMÓRIA DE UM BAIRRO presta as suas homenagens a FRANCISCO CARREGAL um pioneiro, um brasileiro um banguense.



“PERSONAGENS DE BANGU".

De tempos em tempos surgem em Bangu alguns personagens que ficam marcadas no imaginário dos que viveram naquele período, podemos citar algumas destas “figuras” que foram retratados aqui na página, o amolador de facas, postado em 24 de janeiro de 2015 e 28 de janeiro de 2015, Venu, postado em 19 de fevereiro de 2015 e 24 de janeiro de 2016, José Luiz (o gordo) postado em 23 de fevereiro de 2017 e outros.
Recentemente conversando com Molinari ele lembrou de outro personagem que marcou época em Bangu, trata-se de um senhor, que segundo algumas fontes vinha de Santíssimo pela Rua da Feira, sempre em sua velha bicicleta, vestido com a camisa do América e com o apito na boca, o som deste apito anunciava a sua chegada, dizem que ele ia até o centro de Bangu e voltava com o mesmo entusiasmo para Santíssimo pela avenida Santa Cruz, fazendo a alegria dos que o viam passar. Do mesmo modo que esse personagem surgiu por essas bandas, ele também desapareceu, não deixando pistas sobre o seu paradeiro, ficando somente marcado na memória daqueles que o viam com entusiasmo diário, passando pelas ruas de Bangu.
O Grupo Histórias de Bangu, a memória de um bairro, faz questão de registrar esses personagens aqui na página, para que fiquem consignados, e fatos como esses não se percam no tempo.
Ilustração: Romário Melo.




A BANDEIRA DO BANGU

A origem das bandeiras remonta à Idade Média, quando os exércitos aliados, para não se confundirem uns com os outros, usavam um pedaço de pano hasteado num estandarte, com as cores e sinais de identificação do batalhão ou companhia envolvida. Assim evitavam o temido fogo amigo. As bandeiras têm suas origens nas insígnias, sinais distintivos de poder ou de comando usados desde a antiguidade e que poderiam ser figuras recortadas em madeira ou metal, ou pintadas nos escudos. A substituição dos signos figurados de material rígido por tecidos pintados em cores vivas foi feita pelos romanos, com seu vexilium (estandarte), uma tendência que se acentuou durante a Idade Média.


A bandeira de uma associação de futebol é definida como sendo o símbolo visual representativo de um clube, assim como as suas cores e o seu escudo, criando uma identidade entre os seus torcedores. Em todas as partidas de futebol podemos ver torcedores tremulando com muito orgulho a bandeira do seu clube.
O Bangu assim como todos as equipes coirmãs tem a sua bandeira como um dos seus símbolos. Porém, a primeira Bandeira que representava o Bangu não era como nós a conhecemos nos dias atuais, tinha uma característica que não se encontrava em nenhuma outra bandeira dos clubes carioca e talvez brasileiro.
Ela era duas listas vermelhas nas extremidades e uma listra branca no centro, o que diferenciava das outras bandeiras, a não utilização do escudo do clube e sim as letras B.A.C, representando as iniciais de Bangu Atlético Clube.
Foi na década de 1990 que o estatuto do clube foi modificado para que o escudo pudesse fazer parte da bandeira do clube e assim estaria identificada através das cores e do escudo.





OS PARDAIS DE BANGU.

Tempo passa muito rápido e não tomamos consciência de que muitas coisas vão surgindo e outras vão aos poucos desaparecendo, ontem, refletindo sobre a minha rica infância, lembrei das brincadeiras comuns da década de 1960 e outros fatos corriqueiros daquele período, lembrei também que em nossa região tinha um pássaro que abundava as pacatas ruas de Bangu, as arvores localizadas nas ruas, praças e principalmente as existentes dentro da Fábrica de Tecidos Bangu eram repletas destes pássaros canoros, porém, pouco conhecidos pelo canto ou plumagem, e sim pela quantidade existente.

O pardal (Passer domesticus) tem sua origem no Oriente Médio, entretanto este pássaro começou a se dispersar pela Europa e Ásia, chegando na América por volta de 1850. Sua chegada ao Brasil foi por volta de 1903 (segundo registros históricos), quando o então prefeito do Rio de Janeiro, Pereira Passos, autorizou a soltura deste pássaro exótico proveniente de Portugal.

Nos dias atuais é raríssimo vemos em nossa região esse pássaro, sendo mais comum a Viuvinha, Rolinha, Ben-te-vi e Sanhaço. Os pardais sumiram, não sei se esse desaparecimento é benéfico ou não, pois, como já observamos no parágrafo anterior esse não é um pássaro nativo de nosso País sendo considerado um pássaro exótico*.

*algo que vem de fora, ou seja, não é originário do mesmo país. Estranho para aquela região.



CINEMA BANGU


Em 1913 os irmãos Pedro e Bartholomeu Rugiero. Inauguraram no Marco 6 o primeiro cinema da nossa região, chamado de ítalo-Brasil, mais tarde passou a ser chamado de Cinema Recreio, sete anos após a inauguração em 1920 esse cinema foi fechado e os proprietários inauguram uma nova sala de projeção chamada de Cine Bangu, bem no centro do Bairro, na Rua Estevão (atual Av. Conego Vasconcelos)

Foto: Cine Bangu, após o seu fechamento, no local passou a funcionar o Instituto Clinico Bangu (Local onde hoje se encontra a agencia da Caixa Econômica Federal)






                           JOSÉ VILLAS-BOAS E SEU AMOR POR BANGU.

José Villas-Boas chega em 1868 com 11 anos de idade a cidade do Rio de Janeiro, vindo de Portugal.

Em 1902, vem a Bangu para chefiar a seção de gravura da Companhia Industrial do Brasil (Fábrica de Tecidos Bangu). Não se limita a aperfeiçoar e organizar os serviços de gravura, foi projeto dele a captação de aguas para o abastecimento da região, delineou o bairro, construiu jardins, igrejas, o Casino Bangu, O Bangu Atlético Clube, o Campo de Futebol, melhorou as condições indústrias e artísticas da Fábrica.

1904 – fez parte da primeira diretoria The Bangu Athletic Club como membro do conselho fiscal, neste mesmo ano desenhou o escudo do Bangu, o mais inteligente entre todos os escudos dos clubes do mundo.

1905 - assume a presidência The Bangu Athletic Club, e a presidência da primeira liga de Futebol fundada nesta capital.

1908 – É responsável pelo projeto do pavilhão da Fábrica de Tecidos Bangu, que lembrava uma pequena mesquita mourisca, na Exposição Nacional Comemorativa do 1º Centenário da Abertura dos Portos do Brasil, que ocorreu, na Urca, Rio de Janeiro.

1909 – É Eleito presidente do Grêmio *Filomático Bangu.

1911 – Assume a presidência do Casino Bangu.

1915 – Novamente é eleito presidente do Casino Bangu.

1918 – Mais uma vez é presidente do Bangu Atlético Clube.

OBS: O amor de José Villas Boas pelo Bangu é tão grande que chegou a jogar uma partida pela equipe de futebol do Bangu, atuou como zagueiro, aos 47 anos na segunda partida do Clube Proletário, que seria a primeira a ser disputada nos seus domínios, no campo do Jardim da Fábrica.

O Sr. José Martins Gomes Villas Boas faleceu em 1934, aos 77 anos.

*Que é amigo das ciências; que cultiva as ciências.




O CHEQUE SEM FUNDOS.



Em algumas ocasiões quando terminava a sua jornada diária Castor de Andrade passava no Restaurante e Café Lamas, um tradicional restaurante situado no bairro do Flamengo, que funciona 24 horas, lá se reunia a boemia carioca, durante muitos anos, foi conhecido na cidade por ser ponto de encontro de artistas, jornalistas, políticos e intelectuais. Dentre os famosos que o frequentaram, estão Oscar Niemeyer, Manuel Bandeira, Juscelino Kubitschek, Sérgio Buarque de Holanda, Cândido Portinari, Getúlio Vargas, Monteiro Lobato, Oswaldo Aranha, Ruy Barbosa, Machado de Assis, Olavo Bilac, Emílio de Meneses, João do Rio, entre outros. Inicialmente situado no Largo do Machado, no bairro do Catete, em 1976 mudou-se para a Rua Marquês de Abrantes devido às obras do metrô.

Certo dia José Luiz (Gordo) (filho da Professora Celia Martins Menna Barreto, que cedeu o seu nome ao CIEP localizado no Campo do Fazenda), chegou para jantar no Lamas, porém, não havia mesa disponível, sendo avisado pelo porteiro que deveria fazer reservas com antecedência, o que obrigou o nosso personagem a retornar para casa, no entanto, antes ele avistou pela porta, sentado em uma mesa no fundo do restaurante, Dr. Castor de Andrade que ele conhecia muito bem de Bangu, ato continuo soube através do porteiro que Castor era freguês assíduo do restaurante. Retornando dias depois José Luiz estava acompanhado de uma bela aeromoça, disse ao porteiro que era convidado do Dr. Castor de Andrade, imediatamente teve acesso a mesa em que o Doutor sentava nos dias em que ia ao restaurante, prontamente solicitou bebidas e aperitivos, até que o “dono” da mesa chegou, imediatamente José Luiz (Gordo) apresenta a bela aeromoça ao Dr. dizendo que ela seria um “presente” para ele, o que logo interessou ao presenteado, que não mediu esforços para que o “presente” fosse bem atendida.

Ao final da noite ao se despedir, Dr. Castor puxou a carteira para fazer o pagamento da conta, que naquele momento não era barata, subitamente José Luiz tomou a frete e disse que naquele dia a conta seria dele, puxou um talão de cheque e saldou a dívida. Três dias após esse encontro o gerente do restaurante ligou para o Dr. Castor, comunicando que o cheque utilizado para quitar a dívida não tinha fundos, o que o deixou muito irritado, pois sempre pagou regularmente as suas dívidas, e assim o fez no mesmo dia.

Passados alguns dias José Luiz (Gordo), estava sentado tranquilamente em uma das mesas do Bar Gato Branco, localizado na esquina da Rua Fonseca com Rua Santa Cecilia, quando Dr. Castor passa de carro a caminho do escritório e avista o caloteiro, ao chegar no escritório manda um de seus seguranças “convidar” José Luiz (Gordo) a comparecer ao escritório. Chegando ao escritório justifica o cheque sem fundo alegando que ao puxar o talão, puxou o talão errado já que estava com dois talões no bolso, um tinha fundos e o outro não tinha, além de justificar contou uma história triste o que comoveu Dr. Castor que ainda presenteou o caloteiro com uma boa quantia de dinheiro.

Foto: Ilustrativa



QUAL O PREÇO DE UMA FOTOGRAFIA?



Nos bastidores do Futebol acontecem coisas incríveis, algumas eu já postei aqui no grupo, outras conforme eu for recordando vou escrevendo e colocando aqui também. Uma dessas histórias que eu presenciei, aconteceu em um jogo amistoso do Bangu da era Castor de Andrade contra uma equipe pequena do futebol carioca, que vou me reservar o direito de não revelar o nome e nem do treinador desta equipe, pois o envolvido talvez não goste de ter o seu nome revelado como mentor de um golpe.

No dia do Jogo a equipe que enfrentaria o Bangu tinha no seu banco de reservas mais de vinte jogadores, fato este que me causou estranheza, no momento em que a equipe alvirrubra da Zona Oeste entrou em campo, todos os reservas da equipe local entraram também em campo acompanhados de amigos, cada um desses amigos com uma pequena máquina fotográfica nas mãos, esses jogadores iam escolhendo os craques banguenses para as fotografias ao lado deles, fato este que se repetiu no intervalo do jogo e no final da partida também. Notei que esses jogadores não estavam preocupados em jogar, e sim em serem fotografados ao lado dos grandes jogadores banguenses. Fui em busca da resposta para esse fato estranho, procurei alguns desses jogadores e questionei sobre a atitude deles, o que rapidamente foi esclarecido por todos, o treinador que já tinha trabalhado no Bangu, e sabia do prestigio que o jogadores do alvirrubro tinham no cenário futebolístico brasileiro, cobrou a quantia que hoje equivale a CR$100, 00 de cada jogador reserva, com a promessa que eles teriam direito de entrar em campo e serem fotografados ao lados de grandes jogadores e assim de posse da foto, apresentariam no currículo “um jogo” ao lado de jogadores famosos, podendo sair a procura de clubes pelo interior do pais, em busca de contratos. Não sei se esses jogadores conseguiram jogar em outras equipes tendo no “currículo” as fotos ao lado dos jogadores banguenses, o que eu sei é que o treinador conseguiu embolsar um bom dinheiro.


UMA CAMINHADA AO PICO DA PEDRA BRANCA QUE PODERIA SER FATAL



As nossas ações podem refletir em consequências graves, uma das minhas ações inadvertida aconteceu quando certa vez fui com amigos até o Pico da Pedra Branca, nesta minha investida após chegar ao Rio da Prata de Campo Grande e subir a trilha até próximo ao Ponto Culminante do nosso Município, encontrei o início da trilha próxima da Pedra Branca totalmente cheia de mato, por ser um local de pouco acesso, o caminho fica fechada pela capoeira que vai se acumulando, então inadvertidamente, conforme eu ia dando as passadas fui afastando o mato com os pés, ora com o pé direito, ora com o pé esquerdo, já estava na metade do meu objetivo, a quatro metros de distância da Pedra, quando em uma de minhas passadas para afastar o mato, quase pisei em uma cobra, que imediatamente (para minha sorte) se desenrolou e fugiu para dentro da floresta, apesar de ter sido um momento muito rápido pude observar que se tratava de uma cobra Coral ou falsa Coral. Sabem-se que as Cobras Corais vivem sob folhas, galhos, pedras, buracos ou dentro de troncos em decomposição. Se fosse uma Cobra Coral e resolvesse se defender eu não estaria aqui neste momento escrevendo essas linhas, pois, essa espécie de Cobra apresenta uma peçonha de baixo peso molecular que se espalha pelo organismo da vítima de forma muito rápida. A cobra-coral é tão peçonhenta quanto uma Naja. A sua peçonha é neurotóxica, ou seja, atinge o sistema nervoso, causando dormência na área da picada, problemas respiratórios (sobretudo no diafragma) e caimento das pálpebras, podendo levar uma pessoa adulta ao óbito em poucas horas.

Normalmente os acidentes ocorrem com pessoas que não tomam as devidas precauções (foi o meu caso), ao transitar pelos locais que possuem serpentes.

Ao se sentir acuada ou ser atacada, a cobra-coral rapidamente contra-ataca, por isso recomenda-se o uso de botas de borracha cano alto, calça comprida e luvas de couro, bem como evitar colocar a mão em buracos, fendas, etc. A pessoa acidentada deve ser levada imediatamente ao médico ou posto de saúde, procurando-se, se possível, capturar a cobra ainda viva. Deve-se evitar que a pessoa se locomova ou faça esforços, para que o veneno não se espalhe mais rápido no corpo. Deve-se também evitar técnicas como abrir a ferida para retirar o veneno, chupar o sangue, isolar a área atingida, fazer torniquetes, etc., sendo o soro a melhor opção.

Como eu estava a horas de caminhada do hospital mais próximo, esse seria a minha última aventura nas matas carioca.

Já se a Cobra fosse uma falsa-coral não haveria grandes problemas, pois não são peçonhentas e não estão envolvidas em acidentes ofídicos graves, eu estaria mais tranquilo, no entanto como não sou especialista em ofídios, não teria como identificar a espécie de Cobra, e com isso verificar qual seria o meu destino caso fosse lancinado pela Serpente.



O DANADO DO MARUIM.



Eu, junto com os amigos banguenses, Ricardo OliveiraSadi França e David, sempre estávamos unidos quando o assunto era Orquídeas, naquele período tínhamos em nossas casas orquidários. Iniciamos as nossas coleções através de um senhor que o tempo fez com que eu esquecesse o nome, porém, lembro que todas as sextas feiras numa feira livre que ocorria na Rua Bangu, estávamos lá conversando com esse senhor que vendias os mais belos vasos de Orquídeas Floridas, no entanto o que nos deixava animados eram as “sobras” que esse senhor conseguia lá na Florália em Petrópolis e vendia com um preço bem acessíveis.

Com o passar do tempo fomos sentindo necessidade de novas espécies, principalmente as Orquídeas nativas, então, passamos a sair pelas matas da região em busca destas preciosidades. Em uma das nossas investidas fomos até a Serra do Piloto em Mangaratiba, lá encontramos em pequenas ilhotas dentro do rio algumas espécies nativas, principalmente a Laelia Crispa, o que ficou marcado nessa nossa empreitada foi uma situação que ocorreu já no final da tarde, quando o Sol já estava se despedindo, começou a aparecer nuvens de mosquitos maruim, também conhecido como mosquitinho-do-mangue, Ceratopogonidae ou mosquito-pólvora picador, que na verdade são da família de pequenas moscas (um a quatro milímetros de comprimento) da ordem Diptera. Esses pequenos insetos nos atacavam impiedosamente, qualquer área do nosso corpo que estava exposta, era uma área de lazer para esses pequeninos, éramos obrigados a manter o corpo dentro d’água o maior tempo possível, mas o rosto ficava exposto, a cada minuto que passávamos dentro do rio era um desespero, estávamos sendo picado centenas de vezes no rosto, chegou um momento que tivemos que cuspir nas mãos e passar no rosto, pois, a saliva demorava mais tempo para secar, momentaneamente estávamos livres dos perversos maruins. Finalmente não suportamos mais tanto martírio, resolvemos voltar para Bangu.

Não sei como os amigos estavam no dia seguinte, eu tive que ir para o colégio ministrar aulas e os meus alunos a todo momento questionavam se eu estava com catapora somente no rosto, tudo isso em função da quantidade de picadas que eu tinha tomado no dia anterior, apresentando o rosto com muitas manchas vermelhas.

Neste dia a colheita das lindas Orquídeas foi muito proveitosa, porém teve um preço.



UM BANGUENSE MUITO ESPERTO




Quem conheceu Tacuda sabe que ele era um morador de Bangu muito querido por todos, independentemente de ser bem quisto em Bangu ele protagonizava algumas história bizarras, como uma que aconteceu em certa ocasião, quando convidou o amigo Celso de Medeiros para irem juntos até a sede do Tribunal Regional Eleitora em Bangu, já que tinha um encontro marcado com o responsável pelo posto, chegando ao local foram muito bem recebidos, logo iniciando uma conversa, a princípio com futilidades, no decorrer desta conversa, eles notaram que o chefe do posto com uma regularidade de um relógio suíço se abaixava e enchia um copo com um liquido que imediatamente passava a beber em pequenos goles, com muita satisfação, os visitantes ficaram intrigados com aquela atitude, disfarçadamente abaixaram o olhar e viram uma chaleira bem gelada, logo identificaram que o referido liquido era caipirinha.

Imediatamente, antes que a conversa ficasse inviável, Tacuda entra no assunto que o fez ir até o local, diz ao responsável pelo posto que o Dr. Castor estava disposto a patrocinar toda alimentação dos escrutinadores (naquele período os votos eram computados na sede do Bangu por várias pessoas, durante vários dias), imediatamente o responsável pelo posto se mostrou interessado, pois, com toda certeza o dinheiro que estava reservado para a alimentação, seria desviado para outros fins. Com a confirmação do suposto oferecimento, Tacuda foi levar a “resposta” até o Dr. Castor, chegando ao escritório do Capo, iniciou a conversa falando que o Juiz responsável pelo TRE de Bangu, o tinha procurado para solicitar ao nobre Dr. Castor o patrocínio de toda alimentação, durante o período da contagens dos votos, Dr. Castor visualizando um ganho em prestigio junto ao órgão, aceitou imediatamente o "pedido", e incumbiu o interlocutor de fazer toda logística, o encarregou de procurar uma churrascaria da região para que essa fornecesse toda alimentação, determinou que passasse em uma de suas agencias de automóveis e retirasse um carro para melhor locomoção durante aquele período, e assim Tacuda ficou com “créditos” junto ao Dr. Castor e com o Juiz responsável do TRE de Bangu, o proprietário da churrascaria ficou grato, já que faturou um bom dinheiro, além de garantir durante aquele período o almoço ao lado dos apuradores dos votos. Com relação ao carro que foi retirado na agencia, ele só foi “devolvido” após pressão do Dr. Castor três semanas depois do termino das contagens dos votos.

Fotomontagem: Tacuda em um banquete.





BANGU JUIZ DE FORA DE BICICLETA.



No final dos anos de 1980, a equipe de ciclismo do Bangu era a melhor do estado, tinha sido proclamada bicampeã e no ano seguinte seria mais uma vez vencedora tornando-se tri campeã Estadual. O ritmo de treinamento era intenso, todos os dias o grupo de ciclistas saiam para fazer o seu treinamento pelas estradas, eram várias os circuitos utilizados pelos atletas, o mais tradicional saía do posto de gasolina do Docinho até a Barra da Tijuca, passando pela estrada do Catonho, ao chegar a orla o grupo tomava a direção a Gota Funda (na época não existia o túnel), subia essa montanha e voltava para Bangu passando por Campo Grande. Outro circuito também muito utilizado era a subida da serra de Petrópolis, com saída e chegada também no posto Docinho.


Todas as oportunidades que o grupo tinha eram utilizadas para treinamento, foi justamente neste período de alta competitividade da equipe de ciclismo do Bangu, que estava acontecendo a Volta Ciclística do Brasil, apesar do nome, passava somente pelos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.


Uma das etapas da Volta do Brasil foi realizada em um circuito na orla de Ipanema a noite, os ciclistas do Bangu estavam todos presentes para assistirem os melhores ciclistas nacionais e alguns estrangeiros, lembro que no meio da prova começou a chover muito o que tornou a disputa mais interessante. Nos próximos dias a prova sairia do Rio de Janeiro até Juiz de Fora e no dia subsequente da chegada a cidade mineira haveria mais uma prova de circuito noturno, o grupo de ciclista do Bangu viu nesta prova uma oportunidade de assistirem a essa nova competição e aproveitarem o dia para fazer um treinamento de longa distância E assim foi feito, saíram de Bangu bem cedo, colocando as bicicletas na estrada, no final da tarde chegaram a Juiz de Fora, cansados porém felizes por terem percorrido os 186 quilômetros entre a Bangu e Juiz de Fora, a noite tiveram a oportunidade de assistirem a mais uma etapa da prova histórica. Se o tempo não me fez esquecer, essa disputa da volta do Brasil sobre bicicletas só aconteceria mais uma vez no ano de 1991.


Ao termino da prova todos voltaram para Bangu de ônibus da empresa Docinho (patrocinadora da equipe) que tinha saído de Bangu no início da tarde com os ciclistas que por motivos particulares não puderam fazer essa longa pedalada.










ENTRE AMOR E ÓDIO


Existem muitas histórias passadas em Bangu que o maior Banqueiro do Jogo do bicho brasileiro de todos os tempos teve participação, uma destas histórias que Castor de Andrade esteve presente, foi quando um de seus funcionários desconfiado que sua esposa o estava traindo, procurou imediatamente o chefe e relatou o fato, ato contínuo o capo encomendou a um rapaz de Bangu, muito conhecido na sede social do Bangu e Largo da Igreja (uma pista deste rapaz, o noivado dele foi o mais longo de Bangu), que vigiasse a provável adultera. Esse rapaz passou a exercer a função de detetive particular, todos os dias pela manhã ele passou a viajar até o centro da cidade no mesmo ônibus da suspeita, a vigiava também no centro da cidade, em todos os seus movimentos, até que um dia conseguiu dar o flagrante, a desconfiança foi confirmada quando viu a infiel entrando acompanhada em um pequeno Hotel do centro da cidade, imediatamente voltou a Bangu e comunicou o fato ao chefe. Após o flagrante o casal se separou, o marido ficou aliviado e grato ao chefe, enquanto a esposa passou a odiar Castor de Andrade.






"FIGURAS DE BANGU"

Na semana passada postei sobre o americano do apito, daí, surgiram através dos participantes do grupo outras "figuras" interessantes que frequentavam o nosso bairro, algumas destas "figuras" eu não tive a oportunidade de conhecer, outras só através de citações, porém, a grande maioria eu já tinha visto por essas bandas.

Então fui em busca de imagens de um dos citados, o chefe da Flajabour, o major reformado Waldir Monteiro, um apaixonado pelo seu Flamengo que regularmente desfilava pelas ruas do nosso bairro com o seu fusca adornado com as cores do seu time de coração, além de estar sempre com a sua indefectível boneca de pano Beth, que segundo o próprio Monteiro afirmava, o grande amor de sua vida, obviamente depois da sua paixão pelo Flamengo.








A MAGIA DO CARNAVAL.
Ao chegar próximo das festividades de momo, lembro de fatos que ocorriam nestes dias mágicos na Rua Fonseca, a rua da minha infância e juventude..
De poucas palavras, de atitudes comedidas, mas com a personalidade ultra ativada com a chegada do carnaval.


Mais velho de outros dois irmãos, estudante de engenharia, tímido, gago, e extremamente reservado. Assim poderíamos, em síntese, descrever aquele dileto amigo da Rua Fonseca nos idos dos anos 60 e 70. No entanto, bastava chegar o carnaval, o companheiro se transformava. A sua fantasia era sempre a mesma, um simples colete e um pequeno chapéu de palha. Contudo, parece que estes simples apetrechos o ajudavam a se transformar, como o mesmo se autodenominava, no “caboclo Ogumaram”. Bastava o início das festas carnavalescas para encontrarmos o amigo, portando sua indefectível “fantasia”, com uma caneca de chopp na mão, e participando de toda folia por ventura existente. Assim, o introvertido dava lugar ao extrovertido, a gagueira sumia, o quieto passava a falante. A timidez desaparecia por completo, como que por um temporário passo de mágica. Findo o carnaval, colete e chapéu de palha guardados, e com eles também a vívida personalidade adquirida naqueles três dias de folia desaparecia. A mágica transformadora do carnaval, onde aquele que ama a folia parece que adquire uma outra personalidade, no caso do querido vizinho, a do Caboclo Oguramam, o amante das cervejas, chops e das festas momescas.



O FIM DE UM CLUBE EM BANGU.
O Ceres é uma agremiação esportiva da cidade do Rio de Janeiro, fundada a 10 de julho de 1933.
Foi criado por marinheiros do 1º Distrito Naval, que moravam na Rua Céres, no bairro de Bangu. Participou inicialmente do Departamento Autônomo, campeonato de clubes amadores promovido pela FFERJ, sagrando-se campeão em 1985 e vice em 1986.
Disputou o campeonato carioca da segunda divisão de profissionais da FFERJ de 1997 até 2016, em 2017 a competição passou a se chamar serie B2 e o CERES também esteve presente.
Hoje cedo postei aqui na página a equipe do CERES vencedora do departamento amador de 1985, ato continuo fui alertado pelo amigo Almir Vacari que o INSS tinha tomado posse do estádio João Francisco (estádio do CERES), como eu tinha que resolver um problema próximo ao estádio, decidi passar em frente, e para minha surpresa lá estava uma placa onde se lia Previdência Social. (Foto)
É menos um clube e um campo de Futebol em nossa região, os moradores de Bangu mais velhos devem lembrar que ali onde hoje está localizado o Campo do CERES até o Campo do CREB em Padre Miguel eram vários campos de futebol, um ao lado do outro, onde todos democraticamente poderiam jogar suas partidas do velho esporte bretão, é mais uma área de lazer que se finda.
O meu temor é que o Bangu Atlético Clube tome o mesmo rumo, se o CERES que tem como presidente um Deputado Estadual não conseguiu manter o seu estádio, imagina o Bangu que é uma caixa hermeticamente fechada, os sócios não conseguem obter o estatuto do clube, o que é um direito, ninguém sabe das finanças desta agremiação, nem se suas obrigações junto ao INSS estão sendo pagas.
SÓ UMA MUDANÇA DRÁSTICA PODERÁ DAR TRANSPARÊNCIA E UM NOVO RUMO AO BANGU, E NÃO ACONTECER O MESMO QUE ESTÁ ACONTECENDO COM O CERES.



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